Como tirar o PT do governo?
Publicado por Luiz
Flávio Gomes há 3 dias atrás
Para os que não padecem do Pensamento Bipolar
Encarniçado (PeBE), devo começar dizendo o seguinte: em 2002 estávamos
exaustos do PSDB no governo (Gini da desigualdade na marca dos 0,58 – uma
vergonha mundial -, perpetuação da altíssima concentração da riqueza nas mãos
de poucos oligarcas, 12,2% de desemprego, inflação alta de 12,5% ao ano,
acusações de corrupção, particularmente na “compra” da emenda da reeleição,
admitida pelo próprio FHC, etc.). Pela via eleitoral o povo deu um basta e a
governança se transferiu ao PT (depois da Carta aos Brasileiros). Mas já
passou da hora de o PT ir embora para casa. O mundo não acaba quando os
governos incompetentes e corruptos são defenestrados.
O governo petista, paralelamente a um período de
bonança econômica com Lula (2003-2009), passou a fazer o que historicamente
todos os anteriores fizeram (desde a fundação do País, em 1822: veja João
Francisco Lisboa, Jornal de Timon). No dizer do ministro decano do STF,
Celso de Mello, tornou-se um “conluio de delinquentes”, uma “república de
bandoleiros e larápios”, ou seja, uma mafiocracia, completamente
deslegitimada. Com qualquer quirelinha de ética a cidadania pode (e deve) pedir
a derrubada deste governo “pixuleko” (assim como a eliminação da república
brasileira de todos os partidos e políticos que fizeram a mesma coisa que o PT,
ou seja, que foram financiados com dinheiro da corrupção). Todos devem ser faxinados.
Como se derruba um governo considerado
insatisfatório pela quase totalidade da população, em razão da incompetência,
corrupção e falta de apoio popular? Nas democracias, vamos diretamente ao
óbvio: por meio do direito vigente. Quais caminhos jurídicos existem?
Renúncia, impeachment, condenação criminal ou eleição. Não podemos, no
entanto, ser idiotas ou ingênuos a ponto de não perceber que o direito somente
triunfa quando, “para além das boas razões, tem do seu lado a contundência da
força” (Carlos María Vilas, El poder y la política, p. 43). O direito
sem força, sem coerção, é como um sol que não ilumina. O impeachment de
Collor (1992) somente aconteceu (por se tratar de um governo incompetente e
corrupto) porque houve a confluência e a sinergia de muitas forças (sociais,
econômicas, financeiras e jurídicas).
A força que dá vida ao direito tem que ser
igual ou superior à que sustenta um determinado grupo ou governo no poder.
Lição da história: nenhum grupo que se recusa a deixar o poder jamais é subjugado
sem confrontação fática expressiva. O modo mais efetivo de eliminar da
vida pública um sistema poderoso e criminoso, independentemente das
justificações ou elaborações teóricas ou doutrinárias com as quais adornamos a
confrontação, é antepor aos poderosos deslegitimados (particularmente quando
integram uma mafiocracia) a força da confrontação fática (Carlos María Vilas,
citado, p. 45).
Que tipo de confrontação é essa que derruba
ou enquadra um poder? Fora das democracias, é a abominável força bruta, a força
física, a violência, a força das armas (Silent leges inter arma, dizia
Cícero). O golpe civil-militar de 1964 andou por esse tenebroso caminho (que
não pode ser repetido nunca mais). Nas democracias, a derrubada de um partido
assim como de todos os políticos incompetentes e/ou mafiocratas exige a
conjugação de todas as forças: institucionais (polícia + Justiça contra
a criminalidade organizada) e sociais (sociedade civil atuante e
vigilante), que devem se somar às bandas não apodrecidas dos poderes econômico-financeiro.
A saída para as crises no Brasil passa por esse cenário.
Do palácio presidencial à prisão. A onda de renúncias às
presidências mafiocratas já está em curso. Pérez Molina [ex-presidente da
Guatemala] deixou o cargo (no dia 3/9/15) após perder a imunidade e foi direto
para a prisão. Ele “participava da chamada “La Línea”, crime organizado em que
empresários pagavam propinas para importar sem pagar impostos (…) [Ele] é, pura
e simplesmente, um criminoso. É a encarnação de todo um conceito de governo
mafioso [mafiocracia] que vem administrando a Guatemala por décadas” (Folha
4/9/15: A12).
Ninguém sabe se a moda de deixar a presidência e ir
direto para a cadeia vai pegar em todas as Américas. De qualquer modo, o povo e
as instituições estão dando um basta a um estilo de fazer política que não tem
nada a ver com o século XXI. A palavra de ordem que vem do fundo da alma do
brasileiro é: chega de mafiocracia! Todos os partidos e políticos envolvidos
com ela (todos!) devem ser faxinados da vida pública brasileira. Só assim o
Brasil pode começar a cumprir seu destino de nação grande e séria.
Parafraseando o que resta de bom e atual do “demônio” Marx, “Os filósofos [bem
como historiadores, sociólogos etc.] se limitaram a interpretar o mundo [e o
Brasil] de diferentes maneiras; o que importa [no entanto] é a transformá-lo”.
Jurista e professor. Fundador da Rede de Ensino
LFG. Diretor-presidente do Instituto Avante Brasil. Foi Promotor de Justiça
(1980 a 1983), Juiz de Direito (1983 a 1998) e Advogado (1999 a 2001). [
assessoria de comunicação e imprensa +55 11 991697674 [agenda de palestras e
entrevistas]
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