A Itália que conheci quando o mundo não acabou

 
O mundo não acabou, nem vai acabar, eu só gostaria que deixasse de ser tão corrupto e tão comandado por seres falsos, mentirosos e que usam de ilusões para enganar os menos privilegiados, mas, o importante é continuarmos vivendo e com a determinação de sermos melhores a cada dia. J No dia em que o mundo ia acabar, 21 de dezembro de 2012, eu estava em Roma, no Vaticano, mais exatamente visitando os museus do Vaticano, as maravilhosas obras de Michelângelo, na Capela Sistina, e a Basílica de São Pedro e sua linda cúpula.


Durante toda a viagem, em vários momentos visitei igrejas, que mais se parecem imensos museus, mas, ao ajoelhar, fazer minhas orações, sempre pedi por meus familiares, amigos, conhecidos e pelo Brasil, com certeza o mesmo “Altíssimo” que me ouve aqui me ouviu lá.


A Itália é encantadora, o clima, seu povo esbelto, belo e altivo, com suas cidadelas, províncias e grandes cidades construídas com muita pedra e uma arquitetura predominantemente antiga, os romanos usaram como inspiração a arquitetura etrusca e grega, mas inovaram muito com elementos e avanços em suas técnicas. Pompéia foi para mim, esta certeza, apesar da tristeza de saber e ver que ninguém sobrou nem para contar a história, o que sobrou de cada casa, cada quarteirão, cada palácio, nos deixou indícios de como construíam, como planejavam, como viviam em harmonia e ordem. Suas construções, ou seja, o que sobrou delas, pós-destruição causada pela erupção do vulcão Vesúvio em 79 DC, demonstram uma solidez, característica dos etruscos e há, também, o uso de arcos, abóbodas, colunas que transformam as cidades italianas sóbrias, funcionais e luxuosas. Os morros italianos, ao longe, enfeitados com o branco da neve, a comida com muito peixe, muita carne e uma massa leve, tudo acompanhado pelo necessário vinho que faz o sangue voltar a correr em nossos corpos, tudo me fez sentir uma italianinha.


Tudo que temos e vivemos aqui no novo mundo (Brasil) teve seu início lá no velho mundo (Itália), entre civilizações que mais tarde se tornaram o que agora é toda aquela região, e, não é exagero não. Arquitetura, Engenharia, Arte, Filosofia, Direito, Paisagismo, tudo e algo mais que tenha passado despercebido aos meus olhos, tudo trouxemos deste velho e encantador mundo. Fazer o que? Apaixonei-me por tudo aquilo. Em especial por Firenze ou Florença. J Cheguei a ter um choro compulsivo no segundo dia de visita à Florença, quando passeava pelos lindos jardins do Palácio de Pitti “Palazzo di Pitti”, após ter visitado anteriormente o magnífico Palácio Velho “Palazzo Vechio” na Piazza de La Republica, onde por horas, visitando-o, por onde se anda e se olha tudo é arte, as mais lindas obras de gênios da pintura e da escultura, em quartos, salões criados sob uma arquitetura que meus olhos com mais de 50 anos jamais haviam visto, e, ao chegar àqueles jardins do Palácio de Piti, eu, que amo árvores, sempre gosto de abraçá-las, em meio à tanta beleza, e após ter abraçado uma imensa árvore, centenária, alta, formosa e forte, ao me virar, e, ver a minha frente uma imagem linda, do alto de onde eu estava eu via todo um lado de Florença com sua beleza sem fim, e, de repente comecei a chorar muito e de forma compulsiva, não havia ninguém próximo a mim, esperei alguns minutos até que o choro parasse, não passou, fiquei ali com os pingos da chuva sobre minha cabeça escorrendo por meus rosto e se misturando as lágrimas, olhando aquela beleza, e, agradecendo aos anjos por aquele momento de desabafo, ou, de êxtase com tanta beleza que Deus permitiu que se instalasse em um único local para que nós humanos nunca duvidemos que só mesmo sua divindade é capaz de dar aos homens dons da perfeição. O choro passou. Só voltei a sentir o “Altíssimo” novamente em Assis, depois conto.


Cheguei no dia 10 às 01h00 AM em Cosenza, após ter saído de São Paulo em vôo para Londres às 18h00, e depois de Londres à Roma em outro vôo, e, por fim em um trem de Roma à Cosenza, cidade ao sul da Itália, província que fica a 8 km de Zumpano, o município de Zumpano tem 1850 habitantes,está localizado na Calábria efaz parte da província deCosenza. Foi provavelmente, con struído por volta do séculoX., através do trabalho de alguns refugiados, que ali se refugiaram para escapar dasincursões dos sarracenos, e o nome Zumpano foi dado pois foi olocal de nascimento do abade AngeloZumpano , discípulo deConstantino,teólogodo séculoXV. Cosenza é uma cidade bonita mas simples, sem a pompa de Roma, Florença e Veneza, mas com a formosura de seu povo e a beleza de suas montanhas e ruelas.


Conhecer Zumpano foi uma emoção particular, íntima, é uma jóia rara no meio de um tesouro. Suas ruas são limpíssimas, suas casas, todas lindas lembraram-me muito as construções do sul de nosso país, com aquelas casas com varandas sempre muito floridas e seus quintais com muitas árvores frutíferas, e, parreiras que tomavam conta dos portões. Bem em seu centro, no local mais alto da cidade ficam as construções mais antigas, romanas, que, com certeza estavam lá antes dos refugiados chegarem, é um palácio lindo, imenso, e todas as construções que à época eram construidas ao redor de um grande palácio e que hoje são utilizados pela administração local e com museus e salas para reuniões. Neste local, muito alto há uma igreja ao lado de uma imensa torre de pedra com sinos, e lá, bem lá em cima, onde subi para ficar olhando e sentindo o que meus ancestrais ali viam e sentiam, e, abaixo, no mesmo nível em que começa a torree de pedra uma linda praça com imagem de San George, e, ali, com o vento gelado em minhas bochechas, o sol forte no céu de um azul forte, fiquei imaginando que ali, muitos Zumpanos estiveram, pensaram, sorriram e choraram, mas algo eles fizeram exatamente como eu, a visão ao longe das montanhas com neve. Agradeci a eles por terem estado ali e por terem me dado a oportunidade de ali estar também. De Zumpano fomos até Sila, que fica a uns 30 km dali, e, Sila estava com neve, nevava muito! A neve é linda, tudo se torna branco, o frio é intenso, mas o branco, a paz que chega junto à toda aquela luz branca me motivou a brincar com a neve, fazer bonecos de neve com minhas sobrinhas, quase congelar meus dedos brincando de fazer bolinhas de neve e jogar nas árvores, e, assi m conheci a linda neve, que nunca veremos em nosso lindo país tropical. J


4 dias na região de Cosenza e fomos de carro, dois carros alugados, até Nápoles. Na região de Nápoles, conheci Pompéia, o temível e enorme Vesúvio e cidades do litoral ou da Costa Amalfitana (Sorrento e Pozzitano), tudo diferente, nesta região usam MUITO as pedras do que virou o solo desta região Italiana após a destruição do Vesúvio, tudo o que é feito de pedra nestas cidades tem uma coloração mais escura, pois a pedra resultante do encontro das lavas com o mar formou uma forte e escura pedra. Os paredões de pedra são imensos, assustam mas dão uma estranha sensação de segurança. Nápoles é linda, mas o trânsito lá é um caos maior que aqui. Existem poucos faróis por lá e o italiano dirigindo é uma doideira, eles passam na frente de seu carro de repente, parece que não gostam de andar um atrás do outro, é um caos, mas a cidade mistura o antigo com o novo. É como se estivéssemos passeando em uma das grandes cidades do Sul do Brasil e de repente aparecem a sua frente magníficos e enormes castelos, magníficas e enormes basílicas, igrejas, etc. É muito louco!


Deixamos nossos carros em Nápoles e fomos de Nápoles para Veneza de avião. Qualquer coisa que eu diga sobre Veneza será menor que estar lá, é tão incomum e irreal par eu ver e viver aquela coisa de estar em uma cidade sobre o mar, em um lugar onde não há ruas, nem carros, nem motos porque as ruas são canais do mar, e, lá se anda a pé ou com as gôndolas, os táxis boats e os vaporetos. Imagine estar caminhando pelas pequenas passagens, ruelas ligadas por pequenas pontes de pedra que ligam as casas, hotéis, restaurantes, lojas, praças, igrejas, museus, castelos, palácios, e de repente ler em uma placa “Aqui viveu Amadeus Wolfgang Mozart” ou me deparar com a exposição de obras de Leonardo da Vinci, que as criou naquela cidade, tive a certeza de estar no berço da civilização. J Algo muito comum na Itália que me lembrei agora para contar é que as igrejas, basílicas eram como cemitérios dos nobres. A coisa mais natural era entrar em uma igreja (Chiesa) ou Basílica e encontrar túmulos de nobres à época, de políticos poderosos, reis e seus familiares.


De Veneza desci de trem até Florença, onde, acima já expus a sinergia total que senti com este lugar. Foram dois dias em Florença e desci de trem para Assis... ah Assis! Um pedaço do Céu em nossa Terra. Esta pequenina cidade de 1800 habitantes me recebeu com uma neblina constante que me abraçava, esta névoa é tão linda, que para meu coraçãozinho já tão surrado por tanta beleza parecia uma presença contínua e inanimada de um amor e uma paz que me invadiram de tal forma, que posso dizer, sem medo de errar que após ter passado por Assis nunca mais serei a mesma, é uma presença constante do amor fraternal, terno, tranquilo que toma conta de todos os que ali habitam e passeiam, todos parecem respirar ao mesmo tempo, não há excessos em nada e em nenhum lugar, as pessoas não falam alto, não gargalham, não há discussões nem olhares fo rtuitos, não há música alta, somente o soar de músicas de Natal que acompanham os lindos presépios que ornam de beleza cada canto desta cidade, afinal, Assis é a Capital Mundial do presépio, foi Francesco que montou o primeiro presépio em homenagem ao menino Jesus. Os freis, as freiras e as pessoas que passam por nós não se comunicam conosco, há um silêncio natural e respeitoso neste lugar. Caminhar em Assis não cansa, a cidade parece um sonho de tão linda, vislumbrar a beleza simples de onde viveu Francesco, Chiara e todos os seus amigos que devotaram suas vidas à ajudar e elevar a Criação do Pai na Terra, nós, os animais e a natureza. Conseguia sentir naquela neblina o amor tão imenso e sincero que deixaram aqui na Terra, e, depois de mais um dia caminhando entre igrejas, basílicas e grutas onde trabalhou, sorriu, cantou viveu e morreu Francesco, eu ia dormir sempre mais feliz.


De Assis fui de trem até Roma, e, no caminhar do trem, olhando pela janela, vendo os lagos, as montanhas, os campos e as cidades que iam passando em frente aos meus olhos, de repente vi que ao lado dos trilhos começou a aparecer um branco que no começo pensei serem pedras brancas, mas com a continuidade do andar do trem verifiquei feliz que a neve havia voltado, via grandes campos de plantações com casas no estilo italiano colocadas no meio do campo ou em alguns casos estas casas ficavam em um dos cantos, mas sempre formando imagens lindas pois a neve transformava os campos, suas árvores e os telhados em cartões postais de Natal, e, para meu assombro e contentamento a primeira estação de trem me indicou que eu estava passando por Rovigo, depois vieram as cidades, muitas, da região de Perugia.


Enfim Roma, uma metrópole como São Paulo, mas fria e muito bem organizada, mas, com a magia de ter o passado e o presente vivendo em perfeita harmonia. Visitei o Coliseu, o Palatino, o Arco de Constantino, o Fórum Romano, a famosa Fontana de Trevi, praças (piazzas), basílicas e museus, muitos palácios inclusive um que não me lembro agora, mas que de tão lindo, perfeito e belo leva o apelido de bolo de noiva. rsrsrs


E, o Vaticano, Inserido em meio à Roma e separado desta por um imenso muro está toda a beleza que o homem pode levar a um local para engrandecer oq eu chamam de seu “Deus”. Toda obra que possa imaginar de lindo e maravilhoso e perfeito está lá. A “Madonna” é tão perfeita que fiquei esperando Maria, com seu filho falecido em seu colo me olhar e suas lágrimas rolarem sobre o rosto perfeito que Michelângelo conseguiu colocar naquele mármore branco alvíssimo. Por sinal A Basílica de São Pedro e a Capela Sistina receberam contribuições de alguns dos maiores artistas da história da humanidade, tais como Bramante, Michelângelo, Rafael e Bernini. Apesar de toda beleza, senti tristeza neste local, pois, nos mais de 23000 m² da Basílica eu não via as pessoas orando, vivenciando suas fé, não, eu as via tirando fotos, filmando, conversando e falando sobre toda aquela beleza, em um único local de toda esta basílica eu consegui me ajoelhar e ter paz para agradecer ao Pai, ao Altíssimo, a Deus para os que assim o chamam, e, mais uma vez pedi e agradeci por meus f amiliares e amigos.


Estou feliz, e, cada vez que minha energia baixa e alguma energia não positiva tenta me acompanhar penso na felicidade de viver, de conhecer, de aprender, e, mesmo com muita saudades desta linda Itália, penso, é aqui que me colocaram para viver e evoluir, e é aqui que trabalharei por mim e pelos meus. ( Mara Zumpano)
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Algumas panorâmicas neste album que criei para vocês ;)

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