Pecado Original
PECADO ORIGINAL
A humanidade é essencialmente díspar em suas características.
Cada criatura possui facilidades e dificuldades que lhe são inerentes.
A educação e o meio ambiente exercem influência no comportamento humano.
Mas certas tendências são inexplicáveis, no contexto de uma única existência.
Dentro do mesmo núcleo familiar, há marcantes diferenças de moralidade e equilíbrio entre irmãos.
Algumas crianças, desde a mais tenra idade, demonstram boa índole. Equilibradas e serenas, aceitam com tranquilidade a disciplina e a orientação dos pais. Já outras trazem a marca da rebeldia. Instáveis e difíceis, por vezes até cruéis, constituem um desafio para a paciência dos familiares.
A realidade é que os espíritos encarnam infinitas vezes, em seu caminhar para a perfeição.
Cada qual é herdeiro de si próprio.
Ao reencarnar, o espírito traz consigo o que adquiriu em suas precedentes existências.
Essa é a razão pela qual os homens mostram pendores bons ou maus, que neles parecem inatos.
Virtudes e vícios não são obras do acaso.
Eles constituem o resultado de opções feitas no passado.
Quem se esforçou para burilar o próprio intelecto, hoje possui avantajada inteligência.
Aquele que gastou tempo aprimorando a sensibilidade artística dispõe atualmente de facilidade no campo das artes.
Já a criatura que se permitiu malbaratar os tesouros da vida ressente-se de sua falta.
O ser que elegeu o vício no passado tem-no presente em seu íntimo.
Os maus pendores naturais são resquícios de imperfeições das quais o espírito ainda não se despojou.
Eis o verdadeiro pecado original.
As leis humanas, embora ainda falíveis e injustas, repelem a ideia de penalizar um homem pelo que outro fez.
Como Deus é soberanamente justo e bom, é incoerente imaginar que ele responsabilize uns pelas faltas de outros.
Cada qual se debate com a herança que providenciou para si.
Luz ou sombra, facilidades ou dificuldades, o que hoje se vive é resultado do que se fez no pretérito.
Não adianta culpar ninguém pelas dificuldades atuais.
Em geral, a recordação das vidas passadas não é possível ou desejável. Mas as tendências atuais evidenciam os pontos carentes de correção, na economia da alma.
O ontem é passado e não pode ser modificado. Mas hoje estão sendo lançadas as bases do futuro.
Este é o momento de refletir maduramente sobre o amanhã que virá, e adotar medidas para que ele seja luminoso.
Ninguém fará o trabalho que lhe compete.
A nobreza de caráter, a inteligência, a pureza, nada disso pode ser improvisado.
Se você deseja ser pacífico e bondoso, precisa criar o hábito de ser assim.
Diariamente você é confrontado com situações que exigem um posicionamento.
Compete exclusivamente a você optar por ser digno ou indigno, corajoso ou covarde, generoso ou mesquinho.
Mas saiba que está diariamente lançando as sementes de seu futuro.
Pensem nisso.
Fonte: Equipe de Redação do Momento Espírita,
com base no capítulo I do livro "O Espiritismo na sua expressão mais simples" e outros opúsculos de Kardec, ed. FEB.
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